Uma Audiencia Pública só com risos, abraços, piscadelas e muito biscoitinho...
Estive na segunda Audiência Publica do dia 5 de fevereiro de 2009 no Município de Anitápolis/SC sobre a possibilidade ou não da implantação do projeto da Bunge(norte-americana) e Yara(norueguesa) de extração de fosfato naquele município que terá grave impacto as economias, a sociedade e ao meio ambiente não somente local, mas também de dezenas de municípios ao redor de Anitápolis. Depois do pronunciamento (que se iniciou as 19:00) dos diretores daquele empreendimento, me manifestei as 23:00 da noite(depois de muitos agricultores terem saído devido não aguentarem a hora por seu trabalho da manhã seguinte) com argumentos escritos para a mesa, na qual foram lidos pelo superintendente da Fatma que presidia a mesma. Escutamos num longo monólogo os feitos da Bunge pelo convencido diretor. De modo que pouco tempo sobraria a população discordar ou mesmo explanar outra apresentação das centenas de argumentos contra esta mineração sobre a Mata Atlântica e dentro de uma nascente de grande rio. Notei que minhas perguntas sobre aquele projeto de extração, foram todas deixadas para o final do evento pelo Superintedente da Fatma que estava ladeado pelo Prefeito de Anitápolis(a sua esquerda) e um Diretor da Bunge(a sua direita). Coisa de louco era ver a intimidade de um dos integrantes da Bunge no lado do superintendente da Fatma que me parecia escolher a ordem de leitura das fichas e o diretor da Bunge coladinho no lado dele... Quais teriam sido os critérios na sequência das fichas de perguntas, pelas mãos do encarregado da Fatma? Teria havido telepatia ou cutucão mesmo de alguém??? De modo que as perguntas mais simples de serem respondidas foram preenchendo os horários iniciais... Fáceis de serem rebatidas, por que tinham gasto 22 milhoes criando um EIA/RIMA com Doutos em Engenharia, Biologia ... cantados com boca cheia pelo diretor da Bunge.
Regras da Audiencia Pública que não foram muito bem comunicadas antes e durante para o povo...
Depois de exaltar a Bunge como líder mundial em alimentos de que fez questão de enumerar como as margarinas da "marca" delícia (nome comum não se patenteia por força da Lei de Patentes), os óleos - que depois de muito custo da sociedade trazem em seus rótulos - que são realmente constituídos de soja transgenica ou colza trangenica do Canadá (canola : contração de Canada Oil Company) - explicação que devem também para os consumidores químicos de como não "rancifica"(oxida) se está em recipiente transparente e com prazo deveraz longo para um óleo... e que necessariamente é evidência de conservante, antioxidante ou estabilizante não declarado no rótulo. Descamba e se entusiasma dizendo de boca cheia ter orgulho em trabalhar numa firma de centenas de empregados e vender para a Coca-Cola o ácido fosfórico vindo de suas minas de fosfato lavradas no estado de Minas Gerais ou algum país qualquer que não sabemos...
Poucos percebem que a pausa para biscoitinhos e coca-cola patrocinados pela Bunge e Yara é o único momento para escrever as perguntas na Audiência Pública... Meros 10 minutos onde os risos e intimidades do superintendente da Fatma(Órgão Ambiental de SC) e os empreendedores é de uma incompriencível evidência.
Ácido Fosfórico como ingrediente da Coca-Cola
Então lá pelas 23:00 argumentei que os aparentes benefícios que os diretores exaltaram da obra eram muito poucos aos enormes malefícios a sociedade, economia e meio ambiente. Descrevi inúmeras perguntas que o projeto não previu como inadequada capacidade viária para receber carretas carregadas de enxofre vindas do porto de Imbituba. Incapacidade de o sistema viário receber de dia centenas de carretas se dirigindo ao Município de Lages para peletização do fosfato e mais agravante ainda, o maior fluxo de noite (para evitar barulho que seja ouvido por moradores e desassossego devido a congestionamentos na via aos Municípios) com centenas de carretas saindo da mina. Ora, isto iria atrapalhar enormemente os agricultores e comerciantes que usam a via de noite para levar com seus caminhões, o fruto de seus trabalhos aos centros Ortifrutigranjeiros.
Adeus Turismo na Serra Catarinense
Também relatei o enorme prejuízo que não foi computado ao turismo e ao fluxo de turistas argentinos e do Rio Grande do Sul que passam por nossas estradas para evitarem congestionamentos e perigos na BR101 – litorânea. Também perguntei como ficará o tombamento destas carretas em nossos rios com materiais altamente tóxicos como o ácido sulfúrico(se resolverem fazer como em Minas Gerais de transportar ácido pelas estradas públicas) o fosfato e o enxofre... Também rebati a resposta simplória de um diretor da Bunge quando questionei se o projeto tinha computado o estrago das carretas ao sistema viário de nossas rodovias. Ele disse a todos candidamente que o projeto se responsabiliza da porteira para dentro e da porteira para fora é compromisso do estado... Ora como podem dizer que o projeto trará divisas em impostos ao Município de Anitápolis, Estado e União se não computam todas as despesas em nível de estado? Se nem sequer computam as despesas com saúde pública que sem dúvida aumentarão com a poluição física de seus ambientes naturais. E a educação e segurança pública devido as pessoas contratadas de fora da localidade???E que dizer do aumento de problemas pulmonares em moradores próximos ou mesmo em seus empregados??? E que dizer das desvalorizações de terras, pousadas, hoteis...todo o Turismo da Serra Catarinense??? Nada disto foi citado. Eram só “flores”, risos, apertos de mãos, cumprimentos entre si e o povo atônito e não entendendo nada. Diversas pessoas se manifestaram contra o empreendimento e com dúvidas do mesmo.
As Almas enganadas
Enquanto defendia meus argumentos fui impedido de continuar por uma mulher gritando para parar de falar. Ao que me virei para traz e vi um pequeno grupo na porta e delicadamente terminei acrescentando a todos que achava que vivia ainda num sistema político democrático... Segui-se o pronunciamento da Procuradora Geral da Republica Dra. Analucia Hartman que só fez confirmar mais argumentos mostrando a todos a inviabilidade de tal projeto. Fui recomendado a sair do recinto por colega ambientalista e quando estava me dirigindo, fui encarado furiosamente já fora da porta por cerca de 8 ou mais pessoas. Meu companheiro Dr. Jorge Albuquerque que defende a região daquele grotesco empreendimento ( http://mataatlanticasc.blogspot.com/ ) caminha na frente e depois sai para o lado dierieto e é seguido por um homem que desfecha um golpe por traz de suas costas e é impedido rapidamente por dois homens. Soube mais tarde que um destes homens que protejeu o ambientalista do golpe era o segurança da Procuradora. Em seguida sai uma mulher desfechando-lhe tapas com um aparente objeto e caluniando-o com palavrões. Quando vi sendo atacado eu gritei o que é isto??? Aonde está a policia ? Ao que eu grito indignado por policia, escuto um rapaz olho a olho me encarando e dizendo sarcasticamente: É né? Policia, né? Aonde tá? Então gritei de novo e vi um policial de braços cruzados vendo tudo(cabo Rosa). Quando viu minha cara que tinha visto seus braços cruzados ele ficou assustado, pois, ia me dirigir ao poder público na audiência. Descruzou e foi direto apartar a mulher que batia por traz no ambientalista sem este fazer nada contra aquilo. Nos afastou daquele grupo e solicitou que fossemos embora, ao que escuto o homem que agrediu o Jorge me dizer em alto e bom som: “Ahh!!! Tu és de Rancho Queimado(Município em que resido), pois, eu vou lá te procurar!!! “ E escutei também daquela mulher: “Só podia ser de Rancho Queimado...” Soube depois pelo Jorge Albuquerque que aquele homem se chama seu Bica – caseiro da Indústria Multinacional Bunge/Yara e aquela mulher é enfermeira e esposas dele. Quanto aos outros desconheço quem sejam.
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